Conto: Sangue Maldito - Carla_Witch Princess e Jaime Floriano Rodrigues

Luiz era médico residente da especialidade de cardiologia de uma das maiores clínicas da cidade.   
Ele costumava acompanhar sempre como andavam as doações de sangue, porque frequentemente algum paciente seu precisava de sangue.   

Há algum tempo, ele vinha encontrando bolsas de sangue vazias, com furos estranhos e o enfermeiro responsável pelo hemocentro do hospital observou que estavam desaparecendo algumas bolsas de sangue por mês.    

Luiz achou aquele fato muito estranho e resolveu investigar mais.

Ao reparar que realmente procedia o fato do desaparecimento inexplicável de sangue de hemocentro, e ao encontrar mais bolsas de sangue com aqueles furinhos estranhos, decidiu fazer uma coisa:
Ele pegou uma das bolsas, marcou e deixou entre as outras, porém avisou somente o enfermeiro   responsável (que não entendeu nada) e pediu sigilo. Dentro daquela bolsa que Luiz separou, além do sangue que já havia, ele colocou um pouco de água benta que foi buscar em uma igreja próxima exatamente para aquele fim, e colocou ainda dois dentes de alho ralados - sacudiu bem para que a mistura ficasse homogênea.

No dia seguinte, enquanto estudava em sua sala, no hospital, ouviu uns gritos vindos do corredor e muita gente falando alto...
Parecia um grande alvoroço. Luiz foi ver o que aconteceu: encontraram o diretor do hospital morto em seu escritório, no décimo andar do prédio. Ninguém sabia dizer o que poderia ter causado a misteriosa morte.
Luiz ficou pálido assim que ouviu a notícia dos funcionários que estavam no corredor: o diretor do hospital era seu pai!

Com o coração despedaçado pela dor da perda, Luiz pegou o elevador e subiu até o escritório do diretor e ficou perplexo com a cena: seu pai estava sentado na cadeira, caído sobre a escrivaninha e, no cesto de lixo ao seu lado estava uma bolsa de sangue do hemocentro. Luiz pegou a bolsa do cesto e não acreditou no que viu!

Era a bolsa que ele havia preparado e marcado no dia anterior!

Seu pai era um vampiro e era ele que andava pegando o sangue do hemocentro! Não!!!! Não podia ser verdade! Luiz ficou desnorteado, transtornado demais! Não conseguia entender os fatos! Subiu até o terraço para pegar ar, respirar um pouco - estava passando mal... Quando se deu conta, estava à beira da mureta do terraço... Olhava para os carros pequenos por causa da altura, pareciam de brinquedo... Estava tonto...
- Matei meu próprio pai! - pensou ele...
- Minha vida acabou! - nesse momento, num impulso incontido, deu um passo para a frente e caiu direto do terraço que ficava acima do décimo andar.

Ninguém entendeu nada. Os funcionários do hospital ficaram atônitos! Duas mortes misteriosas e inexplicáveis no mesmo dia! E uma enfermeira em especial, Thaís, chorava  e sofria muito mais que qualquer outra pessoa ali presente: ela era noiva de Luiz! Seu coração parecia que estava sendo esmagado de tanta dor! Foi então ao banheiro para tentar acalmar os nervos um pouco... Sempre chorando, olhou-se no espelho e o que viu a deixou aterrorizada: na lateral esquerda do seu pescoço, havia sangue escorrendo de dois pequenos furos. Apenas uma hora antes da morte do diretor, ela havia subido ao escritório para passar alguns momentos adoráveis com o seu verdadeiro amor - o pai do seu noivo! Eles iam contar toda a verdade a Luiz quando os fatos encaminharam-se para tal tragédia.

Seu amante mordeu o seu pescoço!

Thaís ficou olhando fixamente para a sua imagem refletida no espelho... Agora ela sabia qual era verdadeiramente o seu destino:

Tornar-se uma vampira!